O VULTO NEGRO
"As surpresas do sobrenatural não escolhem onde irão acontecer, podendo ser até mesmo em um local de trabalho!"
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Meu nome é João Renato, e o que vou contar aconteceu comigo à muitos anos atrás, quando eu ainda trabalhava.
Hoje estou aposentado.
Era o ano de 1985, e nessa época eu trabalhava em uma grande empresa multinacional na área técnica, fazendo manutenção, especificação e testes de equipamentos elétricos e eletrônicos.
A empresa era muito grande, tendo vários prédios em seu conglomerado, e também várias unidades espalhadas pelo Brasil.
Eu trabalhava na matriz, a qual ficava em São Paulo.
Uma das atividades que eu tinha que realizar durante meu trabalho, era a de testar novos equipamentos importados, os quais eram utilizados na área de produção da empresa.
Como eram máquinas e equipamentos de controle muito grandes, antes de entrar em operação tinham que ser feitos muitos testes e ajustes, permitindo que no momento de sua instalação na área de produção, esses equipamentos funcionassem de imediato, não interrompendo o fluxo da produção, a qual era muito controlada e em grande quantidade.
Então para realizar os testes desses equipamentos, as atividades tinham que ser feitas de madrugada, momento o qual era mais tranquilo e que não interferia tanto na produção que estava em andamento, mas em volume menor devido ao horário.
Nós marcávamos sempre o início por volta das 02:00', indo os serviços até aproximadamente 05:30' da manhã.
Antes de iniciar os testes, eu tinha que ir em uma sala que ficava no quarto e último andar de um dos prédios da empresa para pegar os equipamentos de medição que eu utilizaria durante as atividades.
Somente uma parte desse prédio era utilizada, pois já era um prédio antigo, e dois dos seus quatro andares estavam desativados.
A sala a qual eu guardava todos os equipamentos e materiais para realização das medições e testes, ficava em uma grande sala no último andar (4° andar), pois foi o único local que "sobrou" para essa finalidade, pois todos os outros locais da empresa já estavam ocupados.
Para chegar até essa sala, eu tinha que pegar o elevador até o 3º andar e depois subir as escadas até o 4° andar, seguir um corredor bem grande com várias salas também desativadas ao longo do trajeto, até chegar ao local onde eram guardados os equipamentos e materiais.
No mês de Julho/1994 foram agendados testes à serem realizados em alguns novos equipamentos recém chegados da Alemanha, e que iriam substituir os antigos de uma determinada linha de produção, os quais já estavam bem desgastados e com muitas falhas.
Conforme planejado, cheguei à empresa por volta da Meia Noite, estacionei meu carro e me dirigi ao prédio onde ficam os equipamentos que eu iria utilizar.
Era uma noite bem fria de inverno em São Paulo, com muita garoa e um pouco de neblina. A temperatura deveria estar por volta de uns 12 graus mais ou menos.
Atravessei o estacionamento, entrei no antigo prédio e peguei o elevador.
Só havia eu naquele local, devido à hora, que já passava da meia noite.
Desci no 3° andar e subi as escadas para o 4º andar.
Conforme ia passando pelos locais, tinha que acionar alguns disjuntores para ligar a iluminação das salas e também do corredor, sendo que nem todas as luminárias eram acesas, devido ao sistema elétrico estar deteriorado pelo tempo. Então alguns locais do andar ficava às escuras.
Saliento que não havia além de mim, ninguém no prédio, pois além do horário avançado, também era uma área praticamente desativada da empresa, e mesmo durante o dia ficavam algumas pessoas somente nos dois primeiros andares desse edifício.
Cheguei à sala para pegar os equipamentos que iria utilizar nos testes, e após alguns instantes ouvi um em uma das salas do andar, como algo sendo arrastado.
Eu estranhei, pois estava sozinho ali. Procurei não ligar para aquilo.
Após alguns instantes, ouvi novamente o mesmo ruído. Então fui ver o que poderia ser, se poderia haver alguém a mais no andar além de mim, apesar do horário avançado, sendo mais de meia noite.
Andei pelo corredor aguçando os ouvidos para procurar onde estaria aquele ruído.
Quando eu olhava em uma das salas fazendo a verificação, pelo canto dos olhos eu vi o que parecia ser alguém atravessando o corredor e entrando em uma outra sala mais adiante.
Então em voz alta eu disse:
- Tem alguém aí? Quem está aí?
Então ouvi uma voz grave e abafada dizendo: "João...."
Era meu nome. Nesse momento pensei que poderia ser algum amigo meu pregando alguma peça.
Fui então em direção à sala onde eu tinha visto "o vulto entrar".
Essa era uma das salas onde não havia iluminação, devido aos problemas elétricos do prédio.
Abri a porta e dei uma olhada, mas não tinha ninguém lá dentro.
Então fiquei meio cismado, mas voltei para a outra sala para pegar os equipamentos.
Quando já estava dentro da sala, eu senti como se tivesse alguém me observando, era uma sensação estranha. Então olhei em direção à porta, a qual estava aberta e então eu vi no corredor, a uma certa distância, um vulto de uma pessoa parada, e olhando para mim.
O estranho é que eu não conseguia ver o rosto, era como se fosse uma sombra, algo totalmente preto, e os olhos eram vermelhos, parecendo até que estavam acesos.
Quando eu vi aquilo, eu me arrepiei todo e fiquei apavorado, pois eu estava sozinho naquele local.
Eu fique paralisado, congelado. Então "aquilo"começou a caminhar na direção da sala onde eu estava, parecendo que iria entrar ali.
Então com reflexos rápidos como um relâmpago, eu corri e bati a porta com tudo, e a tranquei.
Após isso, eu senti e ouvi algumas batidas na porta, como se estivessem forçando para abrir.
Foi horrível. Aquilo perdurou por talvez, um minuto, e depois parou. Eu fiquei lá dentro esperando algum tempo. Como não ouvi mais nada, devagar e com muito cuidado eu fui abrindo a porta, e dei uma olhada no corredor. Não havia mais nada lá.
Então eu peguei os equipamentos e saí dali "voando".
Nunca imaginaria que conseguiria correr tanto com o peso daqueles equipamentos todos.
Quando encontrei os outros colegas que iriam participar dos testes, contei o que havia acontecido, e dois deles comentaram que já haviam ouvido histórias estranhas daquele prédio, e que muitas pessoas evitavam ir lá a noite.
Eu nunca descobri o que foi aquilo que eu vi, e porque em certo momento chamou meu nome, mas nunca mais entrei sozinho naquele lugar novamente, principalmente a noite, e quando eu precisei voltar lá, sempre chamava um ou dois colegas para irem comigo como precaução.
Nunca mais vi nada de estranho por lá, mas aquela experiência serviu para mostram para mim que realmente "Nós não estamos sozinhos".
João Renato - São Paulo - SP - Brasil